Uso da ferramenta remodela logística no país
O uso de Inteligência Artificial (IA) vem remodelando a logística no Brasil desde o período da pandemia de covid-19. Na época, com maior necessidade de entregas domésticas, “o setor assumiu um protagonismo inédito e a busca por eficiência e menor custo cresceu, tanto pelo cliente quanto pelo entregador”, afirmou Rodrigo Mourad, presidente e cofundador da Cobli, empresa que utiliza este tipo de tecnologia para descomplicar a gestão e potencializar frotas.
De acordo com levantamento da Fundação Dom Cabral (FDC), a logística consumiu o equivalente a 12,37% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2022. Os altos custos, segundo Mourad, se devem a um histórico de baixa adesão do setor à tecnologia. Para o executivo, quanto mais cedo as empresas modificarem esta mentalidade, mais vantagens terão no futuro. “Há trinta anos, o setor não se modernizava. Agora, com sistemas de alta performance, que diminuem os custos e agilizam os serviços, a aliança entre logística e tecnologia é um caminho sem volta”, disse.
A Cobli atua por meio de câmeras e sensores instalados nos veículos. A empresa consegue captar, por exemplo, localização, trajeto e aceleração do automóvel. Estes dados são enviados para a base, o que possibilita gerenciar o consumo de combustível, a manutenção preventiva e até a maneira que o motorista conduz. “É como ter olhos em qualquer lugar. Em resumo, funcionamos como uma organização que captura dados e os devolve como informação útil às empresas.”
A tecnologia também consegue perceber a conduta do profissional. Casos de desatenção ou cansaço, como piscar os olhos repetidamente, também são identificados de forma automática pela câmera e se tornam motivo de alerta. Além das análises imediatas, o sistema consegue organizar séries históricas com os dados coletados. O usuário, por exemplo, pode analisar e comparar o desempenho produzido por cada veículo da própria frota e também com veículos integrados ao sistema desde o início das operações, em 2017.
Atualmente, com mais de 400 funcionários, a Cobli possui 6 mil clientes. Além da inteligência artificial e da videotelemetria, o trabalho da empresa é resultado da combinação entre internet das coisas (IoT) e ciência de dados.
O transporte aéreo ainda tem pouco adesão das empresas brasileiras com a tecnologia, se comparado ao modal rodoviário. Porém, com o uso de inteligência artificial, este quadro pode se reverter, como afirmou o CEO da Modern Logístics, Cristiano Koga. À frente da companhia desde maio de 2023, o executivo está investindo em inovação, tecnologia e internacionalização das operações. Além da chegada de novas aeronaves, a companhia está utilizando recursos da IA com o objetivo de dar mais eficiência e segurança nas viagens.
“Estamos aplicando IA para análise preditivas. Ou seja, detectar eventos meteorológicos, como furacões, tempestades, que podem impactar significativamente nas entregas de produtos, além da melhoria da malha logística”, explicou. O executivo, que trabalhou na Fedex americana por dez anos, acredita que a logística com o auxílio da IA pode se desenvolver muito ainda no país.
Além dos lucros, Koga afirmou que o uso de IA pode favorecer os funcionários “com crescimento profissional e pessoal”. Porém, de acordo com ele, a tecnologia deve ser introduzida com um “devido programa de aculturamento”. Já sobre a regulação, o executivo afirmou que “uma legislação específica beneficiará a toda sociedade”. Mas, desde já, ele apontou para o fortalecimento de uma cultura de cibersegurança na empresa, pois “essa área é fundamental para a perpetuidade do negócio”.
Fonte: ABIFER
Foto: macrovector / Freepik
