Um novo horizonte para o comércio exterior
* Por Fábio Pizzamiglio
Quando analisamos a balança comercial brasileira observamos os números e os resultados finais, porém, não temos a imagem completa sobre os desafios que o comércio exterior enfrenta no cotidiano. O certo é que estamos em um período extremamente complexo para quem busca importar ou exportar no Brasil e esse cenário dura mais de um ano.
O principal fator que precisa ser observado é relacionado diretamente com o impacto da greve dos auditores fiscais da Receita Federal. Um problema sério, que em minha análise, só poderá ser resolvido posteriormente ao período eleitoral, que é um momento de transformações no Brasil. Nesse aspecto, o que o futuro nos aguarda é incerto, mas em minha convicção, são necessárias ações o quanto antes para reverter o problema.
Pode parecer apenas algo demagógico, mas vai muito além do que o discurso que observamos constantemente. O tempo de desembaraço no aeroporto de Guarulhos, por exemplo, teve um aumento de 853% no comparativo entre 2022 e 2021. Esse cenário segue em outros locais, em Santos o acréscimo foi de 150%, no porto de Paranaguá o aumento chegou a 300%. Essas informações fazem parte dos nossos dados internos, em análise dos últimos anos.
Então, ao mesmo tempo que percebemos uma amenização do impacto dos problemas exteriores, como é o caso da Guerra da Ucrânia, da pandemia da Covid-19 e problemas ambientais, nós ainda precisamos tratar com seriedade as nossas questões internas para que possamos ver a balança comercial continuar apresentando números positivos.
Além disso, um dos grandes desafios que também observamos no horizonte e que precisam estar na mentalidade dos empresários do Brasil, seja do campo ou das zonas urbanas, é a valorização internacional das commodities e produtos com selos de sustentabilidade. Em 2022 observamos um crescimento exponencial na busca por esses produtos, que podem ter valores elevados em comparação ao contraponto sem esse tipo de certificação. Desse modo, todo o agronegócio e a indústria brasileira precisam estar atentos a essa mudança da mentalidade internacional.
Outro aspecto que é importante considerar é que no próximo ano poderemos ter uma demanda ainda maior de empresários brasileiros por isenções. Algo que analiso como positivo, principalmente quando pensamos no desenvolvimento da indústria nacional. A mudança do Drawback, por exemplo, que agora pode agregar os empresários do Simples Nacional é um marco histórico para o desenvolvimento da cultura de comércio exterior para empresários e empreendedores que não observavam o mercado internacional com o potencial que está disponível para os mesmos.
Assim, considerando todos os aspectos que podemos observar, temos um problema emergencial para ser resolvido, que trata-se do impacto da greve dos auditores da Receita. Ao mesmo tempo, temos notícias positivas e importantes para o Brasil, algo que aponta para um futuro promissor para quem deseja investir no comércio exterior no final deste ano e no início do ano que vem.
* Fábio Pizzamiglio é diretor da Efficienza, empresa fundada em 1996
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