Tarifa de importação de pneus provoca embate entre entidades do setor
Por Samanta Sallum
A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) encaminhou à Câmara de Comércio Exterior (Camex) no último mês um pedido de aumento da tarifa de importação de pneus de carga e de passeio dos atuais 16% para 35%. A entidade alega um “surto de importações” de pneus de países asiáticos, principalmente originários de China, Vietnã, Malásia, Índia, Japão e Tailândia, as quais estariam prejudicando as fabricantes brasileiras. A decisão do Comex deve sair ainda este mês. Já a Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip) reagiu e afirma que a medida “é uma tentativa de controle de mercado por seis empresas estrangeiras que dominam o setor no país e deve ter repercussão imediata nos custos de frete e na inflação no Brasil.” O produto importado chega a ser 30% mais barato.
Alta no custo do frete marítimo
A tarifa de importação de pneus chegou a ser zerada em 2021 por conta do aumento dos custos do frete marítimo com reflexos diretos nos preços do transporte rodoviário nacional. No ano passado, foi reajustada para 16% após pedido da ANIP. Nos últimos meses, o custo do frete marítimo vem aumentando, pressionando o mercado de importados.
Estradas ruins demandam produto
De acordo com dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), 65% do transporte de cargas no Brasil é feito por meio de estradas e rodovias. O mesmo estudo aponta que 67,5% das pistas estão em condições ruins, regulares ou péssimas, exigindo troca constante de pneus.
Deficiência logística
Dados da Confederação Nacional da Agricultura mostram que o produtor brasileiro de soja gasta, hoje, para levar a produção da fazenda até o porto, em média, US$ 92/tonelada, quatro vezes mais do que na Argentina e nos Estados Unidos, por conta da deficiência da logística nacional. Esse valor representa aumento de 228% em relação à década passada, quando a quantia gasta era de US$ 28/tonelada. O custo do frete é de cerca de 30% do total do preço final do produto.
Fonte: Correio Braziliense
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