JSL mira aquisições e não descarta nova oferta à Tegma
A JSL, maior empresa de logística rodoviária do País, tem negociado novas aquisições no setor e não descarta retomar a proposta de compra da Tegma, outra grande operadora do segmento, afirma o presidente, Ramon Alcaraz.
Em julho, a JSL fez uma oferta para comprar a concorrente, cujo valor total foi avaliado em R$ 1,75 bilhão na operação. Porém, a oferta foi recusada sem espaço para conversas sobre o preço.
O presidente diz que a JSL “não está parada nesse assunto”, mas isso não quer dizer que a ideia tenha saído da mesa. “Essas negociações são como um namoro. Não deu certo, mas isso não quer dizer que não possa voltar a acontecer”, diz Alcaraz.
Há, no entanto, outros alvos com os quais a companhia está negociando neste momento. “A diferença da Tegma é que há uma obrigatoriedade de tornar a oferta pública”, afirma o executivo.
No último ano, a JSL realizou cinco aquisições, que, somadas, representam incremento de R$ 1,76 bilhão à receita bruta da companhia. “Nosso objetivo é somar expertise e volume em segmentos nos quais a JSL já está presente, mas não com tanta profundidade. A ideia da aquisição da Tegma, muito forte no setor automotivo, vinha nessa linha. A proposta continua a mesma para as próximas compras”, diz ele, que assumiu em março o braço de logística rodoviária da Simpar.
O executivo avalia que ainda há oportunidades de aquisição em quase todos os segmentos, devido ao alto grau de pulverização do setor. Hoje a JSL é a líder do mercado de transporte rodoviário, mas não detém nem sequer 2% de participação total, diz ele.
Em termos geográficos, há um desejo de ampliar a atuação internacional. Além do Brasil, a JSL opera na Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. Essa expansão poderá se dar tanto por meio de aquisições quanto por crescimento orgânico, já que hoje existem contratos sendo negociados em outros países – que Alcaraz prefere não especificar.
O presidente também não descarta uma expansão em outros modais logísticos, o que poderia ocorrer por meio da JSL ou de outras empresas do grupo Simpar, que já têm atuação em diferentes setores – por exemplo, a CS Brasil opera terminais de granéis sólidos no Porto de Aratu (BA).
A empresa também afirma que têm capacidade financeira para realizar os investimentos necessários ao crescimento. A JSL encerrou o segundo trimestre deste ano com uma alavancagem de 2,7 vezes da dívida líquida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) – que ainda não leva em consideração a geração de caixa da recém-adquirida Marvel.
No segundo trimestre, a companhia mostrou resultados bastante positivos. A empresa reverteu o prejuízo registrado em 2020 e obteve lucro líquido de R$ 93,1 milhões no período. A receita teve avanço de 58,6%, chegando a R$ 922,4 milhões, e o Ebitda saltou 157,5%, para R$ 211,7 milhões.
A melhora dos resultados se deve a uma combinação de fatores. Um deles é a base de comparação fraca, já que o segundo trimestre de 2020 foi o período de maior impacto da pandemia.
Além disso, houve um efeito positivo extraordinário na linha de despesas operacionais: a recuperação de créditos de PIS/Cofins extemporâneo sobre a base do ICMS, o que gerou impacto positivo de R$ 78,3 milhões.
Para além desses fatores, a companhia apresentou crescimento, tanto inorgânico, devido à incorporação das novas empresas, quanto orgânico, com melhora principalmente na movimentação do agronegócio, da mineração e do varejo ligado ao comércio eletrônico. Fonte: Valor Econômico / Foto: Divulgação