Intralogística e ESG: a responsabilidade do setor no cuidado
A atividade humana tem aumentado exponencialmente a emissão de gases de efeito estufa, o que é comprovado pelo lançamento de mais de 35 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera todos os anos. Esse acréscimo na emissão está limitando severamente o orçamento de carbono, que é a quantidade de emissões que ainda pode ser permitida para manter uma chance de 50% de que a temperatura da Terra não suba mais do que 1,5º C. O que antes era considerado uma probabilidade remota, agora se torna uma realidade iminente. Recentemente, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) emitiu um alerta indicando que a alta pode ocorrer nos próximos cinco anos, contrariando as previsões anteriores, que apontavam para 2100.
Embora a intralogística represente apenas 4% das emissões totais, ela desempenha um papel crucial na cadeia de suprimentos, afetando diretamente setores-chave, como o transporte, responsável por cerca de 20% das emissões totais. Quanto maior a emissão, maior o risco de extinção. Um exemplo é a Mata Atlântica, considerada uma das áreas mais biodiversas do mundo. No entanto, as atividades humanas têm sido tão destrutivas que estima-se que apenas 12% da cobertura florestal original da Mata Atlântica ainda exista.
De acordo com a pesquisa “Contas de ecossistemas: espécies ameaçadas de extinção no Brasil”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já existem nove espécies animais extintas e 2.845 espécies (entre animais e plantas) ameaçadas. Isso significa que uma em cada quatro espécies está correndo um risco real de extinção. Paralelo a este cenário, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) informou que, entre 2019 e 2021, a Mata Atlântica perdeu cerca de 29.075 hectares de floresta, representando uma redução de 9,4% em relação ao período anterior. Embora esses números mostrem uma pequena diminuição no desmatamento, ainda há muito trabalho a ser feito para restaurar completamente esse bioma.
Uma das alternativas para reverter esse cenário é conscientizar as pessoas (físicas e jurídicas) sobre a importância da diversidade biológica e da preservação dos ecossistemas. O reflorestamento surge como uma estratégia poderosa – especialmente por meio do plantio de árvores nativas em áreas previamente desmatadas – para restaurar a cobertura florestal e auxiliar na recuperação dos ecossistemas. Neste sentido, é evidente que as ações sustentáveis no setor de transportes desempenham um papel fundamental no combate a essa ameaça. No entanto, é necessário que todos os atores envolvidos assumam um posicionamento mais ativo e contribuam efetivamente para a responsabilidade socioambiental, em vez de depender apenas dos esforços governamentais.
Felizmente, muitas empresas têm reconhecido a importância da sustentabilidade e estão adotando medidas para apoiar o reflorestamento da Mata Atlântica. Elas estão estabelecendo parcerias com organizações não governamentais (ONGs) e participando de iniciativas de compensação ambiental, investindo na restauração de áreas degradadas e na conservação da biodiversidade. Um exemplo para essas parcerias é a Associação Ambientalista Copaíba, fundada em 1999. Especialista no reflorestamento da Mata Atlântica, a ONG é uma das dez iniciativas escolhidas pela ONU como Referência da Restauração Mundial e tem a missão de conservar e restaurar a Mata Atlântica das bacias dos rios Peixe e Camanducaia – 651 hectares já restaurados. Nesse espaço, 6.510 árvores das árvores plantadas são fruto da campanha “O Meio Ambiente Ganha em Dobro”, uma iniciativa da intralogística, que já ajudou a poupar outras 361.920 árvores – haja vista que, em dez anos, uma única empilhadeira a gás demanda 1.160 árvores para neutralizar o CO2.
Esse envolvimento com diferentes esferas contribui para a conscientização sobre a importância da preservação ambiental, de forma a incentivar outras entidades e indivíduos a se engajar nessa causa, que é urgente e precisa de fomento para preservar a biodiversidade, restaurar os ecossistemas e enfrentar os desafios das mudanças climáticas. Afinal, a recuperação desse bioma ajuda a proteger as bacias hidrográficas, reduzir as altas temperaturas e controlar enchentes e alagamentos. Esses benefícios promovem não apenas o bem-estar da fauna e da flora, mas também das pessoas.*Vigold Georg é Vice-Presidente da Jungheinrich na América Latina e lidera o programa “O Meio Ambiente Ganha em Dobro” – iniciativa da marca para alcançar o propósito de aumentar a presença de equipamentos elétricos em substituição à combustão no mercado nacional.
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