Inovação e mudanças regulatórias são necessárias para desenvolver hubs de CCUS e eólicas offshore

Inovação e mudanças regulatórias são necessárias para desenvolver hubs de CCUS e eólicas offshore

Dois temas, as mudanças regulatórias e o emprego da inovação, dominaram os debates para a criação de um hub de CCUS (captura e armazenamento de CO2) no Brasil, país visto com grande potencial de descarbonização pelo mercado internacional, no segundo dia do ESG Energy Forum, promovido pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás).

Mariana França, superintendente Adjunta de Tecnologia e Meio Ambiente da ANP, disse que a agência está trabalhando para facilitar a implementação de hubs CCUS no país, por meio dos recursos obrigatórios recolhidos pelo setor de óleo e gás e destinados à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. “Podemos ajudar a diminuir os custos dos hubs de grande escala, como é feito em outros países.”

No campo da inovação, Cassiane Nunes, gerente de Suporte e Portfólio de Pesquisa da Repsol Sinopec Brasil, explicou que a companhia dedica 50% dos recursos de pesquisas em processos de descarbonização e energia renovável, com ações inéditas no Brasil – como a primeira unidade de captura de CO2 a operar em um ambiente subtropical. “Todas as unidades deste tipo operam hoje no hemisfério norte.”

Já na área regulatória, a Isabela Morbach, CEO da CCS Brasil, afirmou que o projeto de lei que pretende regular o mercado de carbono no Brasil foi “muito feliz” ao prever a necessidade de uso comum da infraestrutura de transporte e armazenamento, o que facilita investimentos.

Em outra frente de inovação do setor, o debate sobre eólicas offshore também ganhou atenção no evento. A ausência de um marco legal para essas instalações tem postergado projetos no Brasil. De acordo com Fernanda Scoponi, gerente sênior da TotalEnergies, o país conta com uma costa de 8 mil km de extensão e água rasas, profundidade ideal para implantação de empreendimentos a menores custos e com viabilidade técnica.

Alex Gasparetto, gerente setorial de Diversificação de Negócios e Parcerias da Petrobras, disse que a companhia vai “direcionar os esforços em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e intensificar ações” em eólicas offshore. “Estamos olhando para esse setor com a intenção de fazer parte desse novo modelo de energia no país.”

BNDES

O papel do financiamento a projetos de descarbonização também teve espaço nas discussões. Carla Gaspar Primavera, Superintendente da Área de Energia do BNDES, ressaltou que o Brasil já é uma “potência verde”, mas ainda há oportunidades para avançar e liderar a “revolução” rumo a economia de baixo carbono. “Nossos recursos mais competitivos serão direcionados para a economia verde e a transição justa.”

Primavera também destacou iniciativas do BNDES como o inventário de emissões e produtos financeiros para o desenvolvimento de projetos sustentáveis. “Conseguimos captar em moeda forte e aplicar em projetos de empresas nacionais, com foco em clima e biodiversidade”, complementou a executiva, durante o painel “A visão ESG do BNDES para futuro verde, digital, inclusivo e tecnológico.”

A diretora-executiva de Downstream do IBP, Valéria Lima, destacou o papel do BNDES, aliado do setor produtivo, “deixa clara a importância da integração das agendas econômica, social e ambiental para alcançar os objetivos de sustentabilidade da ONU.”

Para Elisa Salomão Lage, chefe de departamento de Gás, Petróleo e Navegação do BNDES, a segurança energética é “muito importante” e o banco seguirá financiando setores como o de óleo e gás, mas com metas estabelecidas de redução de emissões para os empreendimentos e a busca por cooperação com o reflorestamento e as soluções baseadas na natureza.

Esther Unzueta, Líder de Financiamento Sustentável do Santander, afirmou que o banco tem foco em energias alternativas, mas segue com financiamentos a outros setores, como o de óleo e gás. “O que mudou é que passamos a analisar [na concessão de crédito] a eficiência e a redução das emissões das companhias.”

Cesar Sanches, superintendente de Sustentabilidade da B3, considera que há uma grande disponibilidade de recursos no mundo para investimentos em energias renováveis e soluções para transição energética. O Brasil, diz, tem “enorme potencial” para atrair esses recursos que consideram padrões ESG – que somam cerca de US$ 40 bilhões, um terço do total.

ECONOMIA CIRCULAR

A contribuição do setor de downstream para a agenda ESG também foi destaque no seminário. No painel “Economia circular – o caso de sucesso da indústria brasileira de lubrificantes em ESG”, Alexandre Bassaneze, CEO da ICONIC, enfatizou que o segmento tem tecnologia que permite a troca de óleo de um veículo a cada 15 mil km, ante 3 mil km no passado. “Ampliamos em cinco vezes o intervalo de troca”.

Para Valéria Lima, diretora-executiva de Downstream do IBP, “a economia circular tem o propósito de desvincular o crescimento de consumo de novos recursos, que envolve toda uma transformação em cada um dos elementos do sistema tirar-fabricar-dispensar”.

O ESG Energy Forum conta com o patrocínio master da Petrobras; o patrocínio platinum da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), SBM Offshore, Shell e da TotalEnergies; o patrocínio ouro da BlueShift Brasil, ExxonMobil, Ipiranga, PetroRecôncavo, Repsol Sinopec Brasil e da Trident Energy; patrocínio prata da Naturgy, SLB e do Mattos Filho; e o patrocínio bronze da Vibra, Constellation, OceanPact, Aker Solutions, e do Porto do Açu. Além do apoio do Governo Federal, o evento contará com a parceira de mídia da epbr, apoio de mídia da Brasil Energia, TN Petróleo e da Petro&Química, e apoio institucional da Proactiva.

ESG ENERGY FORUM

  • Data: 20 a 22 de junho de 2023
  • Local: Hotel Fairmont Rio de Janeiro

Foto: Freepik

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