Impressão 3D chega à logística para reduzir estoque e desperdício
Por Caio Reina
Uma das tendências mais efetivas da atualidade é a impressão 3D. Sua primeira aplicação foi em 1984, para geração de lâmpadas especiais. As máquinas eram grandes e complexas, destinadas a operações industriais, mas, hoje, podem ser encontradas em tamanhos compactos e compradas por qualquer um. Agora, essa tecnologia começa a ser também uma grande aliada para aumentar a eficiência logística das empresas.
O processo de produção
A máquina funciona a partir de um protótipo digital, um desenho em 3D, feito com todas as medidas bem definidas e enviado ao software da impressora.
No momento da impressão, o modelo é produzido a partir de adição de camadas de material, uma a uma, de baixo para cima, completando no fim o produto inteiro. Para facilitar, imagine produzir um pão de forma fatia por fatia, e no fim juntar tudo transformando em um pão inteiro.
As máquinas podem imprimir em diversos materiais, como metais, madeira, cerâmica, e até mesmo concreto.
E onde entra a eficiência logística?
A manufatura aditiva traz diversos benefícios para a logística. Pense que para montar uma bicicleta é necessário, antes de tudo, ter todas as peças que a compõem: os guidões, o quadro, os pedais, as rodas. Utilizar a impressão 3D para gerar essas peças resulta em ganho de tempo e dinheiro, afinal a produção por meio dessa tecnologia leva apenas algumas horas e pode ser feita internamente, dispensando a necessidade de um ou mais fornecedores, que trazem com eles custos de transporte e extensos prazos de entrega.
Outro benefício é a diminuição de investimentos com estoque, onde todo o espaço reservado para a armazenagem dessas peças se torna desnecessário. A eficiência logística entra no momento em que não é mais necessário estocar peças já prontas, que ficam esperando para serem utilizadas. Com a facilidade de tempo de produção, a demanda se torna muito mais objetiva, acompanhando com precisão as necessidades do mercado.
Além disso, essa tecnologia também traz vantagens quando diminui a necessidade de importação de peças produzidas em outros países, que geram custos altos devido ao volume de transportes, cargas aéreas e taxa de câmbio. Em 2020, a multinacional ID Logistics decidiu adotar a ideia utilizando a impressão 3D para repor peças usadas na rotina de operações. De acordo com dados divulgados pela organização, essa implantação trouxe uma economia de custos de até 125%.
Influência na satisfação do cliente final
A eficiência logística que vem com a impressão 3D reflete também na experiência do cliente, trazendo toda a essência de uma operação on-demand. Essa facilidade de produção, diminuição de etapas e ganho de tempo fazem com que o produto chegue ao destino com mais agilidade. Sem contar que a diminuição de custos e processos para a empresa também faz com que o valor final saia mais baixo.
Outro ganho exponente é a possibilidade de enviar o modelo final do produto ao cliente antes de ser fabricado, isso reduz as chances de erro de produção, garantindo que o consumidor receba exatamente o que deseja. Sem contar que ao dar a chance de visualização do produto antes da fabricação, surge a oportunidade de personalização. Como a produção da manufatura aditiva é muito mais simples, consequentemente a personalização também é.
Redução de desperdícios
Nas fabricações tradicionais, 70% dos materiais utilizados acabam sendo descartados. Além de gastar menos energia, em comparação a manufatura subtrativa, as impressões 3D reduzem drasticamente a produção de resíduos, pois utilizam exatamente o material necessário para a produção, trazendo eficiência logística e ganhos para o planeta.
Em resumo, essa tecnologia vem agregando não só nos processos produtivos, como também na experiência do cliente e na sustentabilidade. Reconhecer o potencial revolucionário desse método de fabricação é essencial para acompanhar sem medo o que o futuro da logística nos reserva.
*Caio Reina é CEO e fundador da RoutEasy e mestre em logística e engenharia de transportes pela Poli-USP
Fonte: Exame
Foto: kjpargeter/FreePik