Grupos empresariais de infraestrutura lançam o MoveInfra
O evento de lançamento do MoveInfra, nesta quinta-feira, em Brasília, apresentou uma iniciativa desafiadora capitaneada pelos cinco maiores grupos de infraestrutura do Brasil: CCR (rodovias, ferrovias e aeroportos), EcoRodovias (rodovias), Rumo (ferrovias), Santos Brasil (terminais portuários e movimentação de contêineres) e Ultracargo (terminais portuários e armazenagem de granéis líquidos). O movimento se propõe a operar de modo totalmente independente das empresas que o conceberam.
Além da coletiva de imprensa de lançamento do MoveInfra, a programação incluiu uma série de debates com a participação de nomes como o governador eleito de São Paulo e ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas; o presidente do TCU, Bruno Dantas; o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio; e Miriam Belchior, coordenadora do grupo técnico de Infraestrutura no gabinete de transição do governo Lula, ex-ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão e ex-presidente da Caixa Econômica Federal durante o governo Dilma Rousseff.
Também participaram das discussões os presidentes da Aeroportos do Brasil (ABR), Fábio Rogério Carvalho; da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Marco Aurélio Barcelos; da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABPT), Jesualdo Silva; e da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, Fernando Paes. O evento contou ainda com a participação de Dimmi Amora, jornalista e sócio-diretor da Agência Infra, organizadora dos painéis, realizado no Centro Empresarial Brasil 21, na Capital Federal.
Compromisso com o Brasil
A coletiva que abriu a programação teve à mesa a presidente do MoveInfra, Natália Marcassa, e os CEOs da CCR Rodovias, Eduardo Camargo; da EcoRodovias, Marcelo Guidotti; da Rumo, João Alberto Abreu; da Santos Brasil, Antonio Carlos Sepulveda; e da Ultracargo, Décio Amaral.
Ex-secretária-executiva do Ministério de Infraestrutura, Natália ressaltou em sua fala a importância do setor para o desenvolvimento sustentável do país: “Temos o compromisso com o Brasil e com investimentos de longo prazo. Geramos 100 mil empregos diretos e indiretos e é para isso que acordamos todos os dias. As empresas que estão aqui fazem todos os dias investimentos acontecerem e para isso precisamos de um ambiente de negócios adequado”. A presidente do movimento ressaltou a necessidade da discussão envolvendo uma reforma tributária, como fator necessário para a atração de investimentos, além da modernização da legislação trabalhista e da segurança jurídica oferecida pelo novo marco legal para licenciamento ambiental. “Precisamos olhar para a sustentabilidade das nossas cadeias produtivas”.
O MoveInfra nasceu do diagnóstico de que, historicamente, o poder público não conseguiu desenvolver a infraestrutura necessária ao desenvolvimento de um país com dimensões continentais como o Brasil. O movimento foi concebido para ser um facilitador do ambiente de negócios e do relacionamento com investidores de capital privado, além de atuar em defesa da simplificação dos investimentos em infraestrutura.
Durante a coletiva, as empresas que compõe o MoveInfra lançaram uma carta-manifesto reforçando os objetivos do movimento e anunciaram uma projeção de investimentos de R$ 78,4 bilhões nos próximos cinco anos (2023-2027), valor que contempla projetos já contratados, expansão de capacidade e investimentos recorrentes em seus ativos. O montante poderá ainda ser ampliado com a incorporação de novos empreendimentos à carteira das companhias.
Mescla de investimentos
Um dos convidados do painel Movimento pela Infraestrutura: O Brasil dos Próximos Anos, o recém-eleito governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, valorizou a iniciativa de um grupo privado de empresas buscar o impulso a investimentos em infraestrutura — pasta da qual esteve à frente, entre 2019 e 2022, no governo de Jair Bolsonaro.
“Quem sabe onde o calo aperta é o setor privado. Não é governo que vai entender sozinho”, disse o ex-ministro. “É uma alegria ver o MoveInfra nascendo como uma necessidade de mercado, em um espaço que ninguém estava ocupando. Vivemos um cenário muito desafiador, mas com compromisso fiscal o Brasil pode ser a bola da vez e trazer investimentos para cá”.
Tanto esse primeiro painel quanto o segundo, Aliança pela Infraestrutura: Perspectivas Setoriais, deixaram clara a disposição do MoveInfra para ser ouvido, falando com credibilidade sobre temas estratégicos para o País. As novas modalidades de aquisição de recursos para o setor são o ponto focal da atuação do movimento, tendo a lei de debêntures de infraestrutura e o aperfeiçoamento do sistema de garantias como dois dos temas principais. Discussões como a regulamentação de autorizações e autorregulação, reforma tributária, melhorias nas leis de concessões e de parcerias público-privada (PPP), governança e transparência das agências reguladoras e do mercado de crédito de carbono também fazem parte da agenda.
A expectativa por parte de investidores sobre os rumos das políticas que podem ser adotadas para o setor pelo governo que se inicia em 1º de janeiro esteve presente na fala de Miriam Belchior, coordenadora do grupo técnico de Infraestrutura no gabinete de transição do governo Lula: “Infraestrutura é um dos eixos centrais para a retomada do crescimento socioeconômico do País e para garantir o desenvolvimento, com geração de emprego e renda”, disse Belchior. “Nossa estratégia de saída é retomar obras que estão paradas e acelerar as que estão caminhando em ritmo lento, entregando mais infraestrutura para o Brasil”.
O MoveInfra
O MoveInfra é um movimento que reúne os cinco principais grupos de infraestrutura do País. O objetivo é fomentar o desenvolvimento da infraestrutura brasileira a longo prazo, por meio de atração de investimentos, segurança jurídica e desenvolvimento socioambiental. Juntas, CCR, EcoRodovias, Rumo, Santos Brasil e Ultracargo detêm R$ 68 bilhões em ativos e já investiram R$ 36 bilhões no Brasil nos últimos cinco anos.
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