Grupo técnico simula redução de restrições no giro de navios
A Wilson Sons, operador de logística portuária e marítima, está sempre atenta a ampliar e qualificar os serviços oferecidos por meio de seus terminais logísticos, entre eles o Tecon Rio Grande (RS). Em razão disso, em abril de 2023 o terminal integrou o grupo técnico junto à Portos RS, Praticagem do Rio Grande, Sintermar (Sindicato dos Terminais Marítimos de Granéis Sólidos e Líquidos em Geral e de Containers no Porto do Rio Grande), Technomar Engenharia e Marinha do Brasil, buscando desenvolver soluções para melhorar as condições de acesso ao Porto do Rio Grande.
O trabalho contou com uma série de simulações para a otimização do calado de giro para navios de grande porte (acima de 300 metros). Esta etapa foi integralmente virtual, servindo para que as embarcações deste tipo operem no terminal sem restrições. O procedimento, que contou com 24 manobras e buscou reduzir eventuais impeditivos, teve a supervisão da Capitania dos Portos, assegurando a abordagem de questões de segurança para navegação.
O relatório técnico conclusivo foi emitido no início de dezembro após oito semanas de atuação, incluindo fase de estudo batimétrico, análise histórica de giros de navios na área focal, alinhamento operacional, parametrização do simulador e execução da simulação. A análise, realizada pelos órgãos responsáveis, apontou parecer positivo para a viabilidade do giro de navios de até 305m de LOA (Length Overall, comprimento total do navio), com possibilidade de calado de 12,4m (proa) e 14,2m (popa), atingindo um calado médio estimado de 13,2m. Já nos navios de classe 335m, a viabilidade aponta para um calado de 11,7m (proa) e 14,2m (popa), com calado médio de 12,9m.
“Entendemos que essa iniciativa é muito importante, e para isso estamos utilizando todas as ferramentas disponíveis no mercado para que esses navios venham e executem o giro em Rio Grande cumprindo com todos os procedimentos de segurança necessários”, relata Guido Cajaty, presidente da Praticagem de Rio Grande.
Para Fabiano Rampazzo, engenheiro naval da Technomar, o objetivo do projeto é proporcionar aos stakeholders de Rio Grande uma ferramenta que possa ser utilizada na tomada de decisão sobre as operações. “Seja para as embarcações conteinerizadas ou graneleiras, queremos dotar a comunidade de uma capacidade de avaliação de manobras, com limites superiores aos convencionais”, enfatiza.
“Consideramos esta operação conjunta como fundamental para todo o Porto do Rio Grande, uma vez que, ao se reduzir as restrições para o giro de navios de grande porte, favorece também a expansão do nosso porto e, consequentemente, toda a cadeia produtiva gaúcha”, observa Romildo Fernandes Bondan, diretor de operações da Portos RS. Ele salienta que a Portos RS, como empresa pública responsável por organizar, gerenciar e fiscalizar todo o sistema hidroportuário do Estado, envolveu tanto sua área de operações quanto a de infraestrutura.
A melhoria das condições de acesso para os navios acima de 300m acontece em um momento bastante positivo para o terminal. No ano passado, o terminal teve todos os indicadores positivos. O volume movimentado atingiu 663,4 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), o que representa um crescimento de 21,9% em comparação a 2022. Destaque para o aumento nos fluxos de transbordo e de exportação, com 33,1% e 28,8% de aumento respectivamente.
Para Giovanni Phonlor, diretor de operações do Tecon Rio Grande, este processo potencializa a condição do terminal de se tornar um hub logístico do Cone Sul. “Esta iniciativa usou tecnologia e experiência operacional para que, de uma forma segura, seja possível reduzir restrições sem a necessidade de investimento em dragagem”, destaca. “O avanço na redução das restrições significa que grandes navios poderão escalar o Porto do Rio Grande com mais carga, colaborando diretamente para o processo de se tornar um concentrador de cargas do mundo todo, localizado no extremo sul da América”, complementa.
Paulo Bertinetti, diretor-presidente do Tecon Rio Grande, avalia os benefícios da liberação para operação de embarcações de maior porte no terminal. “Esta conquista simboliza mais um avanço do nosso terminal, potencializando a infraestrutura marítima que disponibilizamos ao mercado internacional. Com isso, somos um dos poucos portos brasileiros sem restrições de manobras aos grandes navios. Devemos facilitar o recebimento desses navios, pois são os alavancadores do comércio nacional gaúcho e brasileiro. Por estarmos no centro do Mercosul, e com as vantagens físicas que temos em infraestrutura para granéis e contêineres, vamos definitivamente ser o porto escolhido por grandes empresas”, explica.
Após a campanha atual de dragagem de manutenção do porto do Rio Grande, iniciada em novembro de 2023, será repetida a iniciativa de simulação de manobra em março de 2024. O objetivo é analisar se a dragagem de manutenção do canal gerou efeitos positivos na área de manobra dos navios, contribuindo para reduzir ainda mais as restrições, capturando mais ganhos para o Porto do Rio Grande e, consequentemente, para a economia da cidade de Rio Grande e do Estado do Rio Grande do Sul.
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