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Conflito entre Israel e Irã pode elevar preços do petróleo no Ocidente
Por Roberto James*
Uma questão que vem sendo levantada pela mídia e que não está sendo tratada de forma analítica é: por que a guerra entre Israel e Irã está impactando no preço do petróleo? Sabe-se que, devido aos embargos norte-americanos, o Irã não consegue vender petróleo ou refinados na Europa, nas Américas e em países com fortes ligações com os Estados Unidos. Sendo assim, como uma escalada dos conflitos pode impactar na oferta mundial de petróleo?
O fato é que a China é o maior comprador de petróleo do Irã, sustentando sua economia e financiando o seu poderio bélico. O motivo principal da China realizar essa movimentação está muito mais relacionado à oportunidade de compra com preços diferenciados, assim como aconteceu com a Rússia em meio à guerra com a Ucrânia, em suas intenções de relações internacionais, mantendo-se como uma influência geopolítica diferenciada dos Estados Unidos.
O motivo da escalada do preço do barril do petróleo, em meio a uma série de especulações, está relacionado à possibilidade do agravamento do conflito entre Israel e Irã impactar na passagem do Estreito de Ormuz, impossibilitando que quase um quarto do petróleo mundial transite pelo lugar. Se isso ocorrer, parecido com o que aconteceu no canal de Suez, o impacto no transporte de petróleo mundial terá significativo aumento de custo.
O que também não é para tanto, visto que estamos falando entre 21% e 25% do petróleo consumido, algo perto de 21 milhões de barris diários. De todo esse volume, algo perto de 15 milhões de barris são destinados a locais com alto alinhamento com o governo norte-americano, como Japão, Coreia do Sul, Europa, Arábia Saudita e o próprio Estados Unidos.
Segundo a agência de energia do governo dos Estados Unidos, existem poucas opções ao Estreito de Ormuz, sendo a mais relevante a utilização de oleodutos da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos como alternativa ao estreito, porém com capacidade de transportar o máximo de 10 milhões de barris por dia.
Aqui no Brasil, a Petrobras já deixou bem claro, em sua nova política de preços, que não vai atender às oscilações temporárias, sejam para cima ou para baixo, o que pode favorecer o mercado interno caso o conflito seja rápido. Lembrando que boa parte do volume consumido em solo brasileiro vem de refinados importados, um número que varia entre 20% e 40%. Isso significa que o impacto de uma guerra entre Israel e Irã terá um reflexo quase imediato nos preços locais, mesmo com o esforço da Petrobras em manter uma paridade neutra.
A geopolítica afeta diretamente o mercado e o conflito entre Israel e Irã é um exemplo claro disso. Mesmo com a Petrobras adotando uma política de neutralidade, a dependência do Brasil de produtos refinados importados e o impacto no transporte de petróleo pelo Estreito de Ormuz mostram como eventos internacionais podem rapidamente influenciar os preços no mercado interno, afetando diretamente o consumidor.
* É mestre em psicologia, especialista em comportamento de consumo e conselheiro de empresas, e atua há mais de 15 anos no mercado de combustíveis e lubrificantes no Brasil.
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