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Como mudanças climáticas podem afetar cabos de aço em atividades offshore?

Por Fernando Fuertes*
As mudanças climáticas estão cada vez mais em pauta em todo o mundo e suas consequências podem gerar impactos em diversos setores produtivos. O aumento médio das temperaturas globais são fatores que merecem a atenção e o planejamento de empresas, que precisam estar preparadas para novas condições operacionais. Esta é uma realidade com a qual o setor offshore pode ter de lidar em breve.
De acordo com dados da Unesco, 2023 foi o ano com as maiores temperaturas dos oceanos. Nos últimos 20 anos, a taxa desse aquecimento duplicou e a costa brasileira tem estado cerca de 2ºC acima da média histórica. Entre as muitas consequências desses fenômenos está o aumento da salinidade, que pode ter impacto direto sobre atividades marítimas, especialmente na taxa de corrosão de alguns materiais, como cabos de aço.
Indispensáveis em qualquer operação offshore, os cabos de aço estão presentes em dezenas de aplicações para içamento e movimentação de cargas. Sua conservação e durabilidade surtem efeito nos custos, na eficiência e, sobretudo, na segurança de muitos processos em navios, plataformas e estruturas que operam no mar. E como acontece com outros materiais, os cabos de aço também são suscetíveis às intempéries, principalmente à salinidade marítima.
Por isso, mesmo em operações terrestres próximas ao litoral, a escolha dos equipamentos deve considerar a salinidade, que em terra chega por meio da brisa do mar. Sendo assim, o aumento desse componente traz a necessidade de investir em materiais adequados, como cabos galvanizados.
Para se ter uma ideia de como mesmo variações relativamente pequenas de salinidade podem afetar a performance de equipamentos, temos o caso de uma empresa que, entre outras atividades, disponibiliza contêineres offshore utilizados para levar insumos diversos até as plataformas de gás e óleo. O içamento e movimentação desses contêineres é feito por meio de lingas de cabo de aço polido. A empresa opera em diversos portos, como Macaé e Açu. Foi justamente neste último que a empresa sentiu necessidade de utilizar material galvanizado.
Proteção contra corrosão
Ao que tudo indica, a salinidade mais elevada da região, associada a outros fatores, estava provocando uma oxidação mais acelerada em alguns componentes das lingas. Por isso, a empresa passou a investir na opção galvanizada para operar no Porto do Açu. Mesmo sendo uma alternativa que exige maior investimento, cabos de aço galvanizados apresentam uma resistência à corrosão tão alta que sua durabilidade compensa o valor em situações nas quais o produto é necessário.
Este caso ilustra que existe um potencial relativamente alto de que mudanças globais na salinidade de mares e oceanos possam afetar a durabilidade de materiais sensíveis à corrosão. Embora este não seja ainda um tema em franca discussão em algumas aplicações no segmento offshore, é interessante que entre no radar de riscos futuros e no plano de adaptações que possam ser necessárias em breve.
Naturalmente, ainda é preciso que sejam realizados novos estudos, com informações e projeções mais robustas. No entanto, as análises de especialistas seguem apontando para um cenário de confirmação das alterações no clima e na temperatura global.
Por outro lado, as empresas que atuam no setor devem estar permanentemente atentas aos efeitos dessas mudanças, que impactam não apenas o uso de equipamentos como cabos de aço, mas também outros aspectos das operações offshore. No que se refere aos cabos de aço utilizados em atividades marítimas ou costeiras, é fundamental ampliar a atenção com a sua durabilidade, por meio de inspeções de qualidade, da lubrificação adequada periódica, uso adequado dentro da norma e substituição por opções resistentes à salinidade quando necessário.
*Engº e Desenvolvedor de Novos Negócios da Acro Cabos
Foto: Divulgação