Brasil investe pouco em infraestrutura de transporte, aponta TCU

Gastos logísticos consomem 13% do PIB, e rodovias precárias impactam competitividade do setor.
O Brasil enfrenta sérias deficiências logísticas que elevam custos e comprometem a competitividade nacional. Segundo o Acórdão 2000/2024, do Tribunal de Contas da União (TCU), o país investe menos da metade do que nações com nível econômico semelhante em infraestrutura voltada ao transporte. Em 2022, os custos logísticos chegaram a R$ 1,3 trilhão — cerca de 13% do Produto Interno Bruto (PIB), quase o dobro da média de países desenvolvidos. Na indústria, o frete representa até 15% do valor final do produto.
Embora o modal rodoviário responda por mais de 60% da movimentação de cargas, opera em condições precárias. O TCU aponta que políticas públicas seguem priorizando o escoamento de commodities, deixando em segundo plano o transporte voltado ao mercado interno. O resultado é uma malha rodoviária mal conservada, insegura e ineficiente, o que encarece as operações e reduz a competitividade.
Para José Alberto Panzan, diretor da Anacirema Transportes e presidente do SINDICAMP, a falta de planejamento e investimento estratégico compromete todo o setor. “Cada real investido de forma inteligente representa ganho em produtividade e geração de empregos”, afirma. Ele também chama atenção para a baixa intermodalidade, portos superlotados, ausência de centros de distribuição, excesso de burocracia, escassez de mão de obra qualificada e uso limitado de tecnologia.
A ausência de diretrizes de longo prazo também é crítica. Sem previsibilidade, empresas ficam vulneráveis a custos imprevistos e manutenções emergenciais, o que afeta o planejamento financeiro de transportadoras e embarcadores. A Pesquisa CNT de Rodovias 2024 mostra que 67,5% da malha pavimentada apresenta algum tipo de deficiência, como problemas no pavimento, sinalização ou geometria.
Frente ao cenário, Panzan defende a modernização da infraestrutura existente como alternativa mais viável no curto prazo. “Modernizar é mais barato e mais rápido do que construir do zero”, aponta. Investimentos em manutenção e tecnologia são medidas mais eficazes e sustentáveis.
Ele reforça o papel dos sindicatos na representação do setor e no diálogo com os governos estadual e federal. “Sem logística eficiente, não há competitividade possível”, afirma. Para ele, o futuro depende de planejamento estratégico, investimento contínuo e ações conjuntas entre o setor público e o empresarial.
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