Tarifa de importação de pneus provoca embate entre entidades do setor
Reformas, crime e falta de caminhoneiros são principais riscos para o transporte, avalia CNT
As mudanças nas leis e regulamentos, como a reforma tributária, são o principal risco enfrentado pelo setor de transporte no país, avaliam empresários e representantes do setor, aponta pesquisa feita pela CNT (Confederação Nacional do Transporte).
“Temas em discussão que podem vir a ser efetivados, como novo arcabouço fiscal e reforma tributária, impactam direta e significativamente o setor, pois os tributos incidem sobre diversos insumos essenciais para a garantia dos serviços, como combustíveis”, diz o estudo.
“A depender de como esses temas serão conduzidos e aprovados, poderão aumentar a incidência tarifária e os custos para o setor, afetando a sua capacidade de previsão e planejamento investimentos de médio e longo prazos —condicionando ou mesmo inibindo a tomada de decisões no presente”, prossegue o documento.
O estudo, chamado Análise de Grandes Riscos do Setor de Transporte, foi antecipado para a Folha.
O material reúne respostas de representantes de 50 das 74 federações, sindicatos e entidades que compõe a CNT. No questionário, foi pedido que os entrevistados respondessem o quanto cada quesito, de uma lista de 29 ameaças, teria probabilidade de acontecer nos próximos cinco anos, o quanto isso poderia afetar sua atividade e o setor de transporte no país como um todo e como avaliavam o modo como o setor e o poder público estavam ou não preparados para lidar com aquela situação.
Os outros pontos que geram mais preocupação são, em segundo lugar, o crime organizado; em terceiro, a escassez de mão de obra qualificada e, em quarto, e os eventos climáticos extremos, como fortes chuvas.
“Antigamente o roubo de cargas rodoviário era o mais comum, quase que exclusivo. Havia poucos casos de pirataria nos portos, mas isso tem mudado. Na região Norte, na Bacia Amazônica, a ação criminosa tem se intensificado”, diz Bruno Batista, diretor-executivo da CNT.
Sobre a falta de trabalhadores, Batista aponta que o principal problema é a escassez de caminhoneiros. “Os veículos estão ficando cada vez mais tecnológicos. Tem sistemas de controle de frenagem, de equilíbrio da carroceria, e falta mão de obra qualificada. As empresas abrem processo seletivo e não conseguem repor”, lamenta.
O aumento de eventos climáticos fora do comum, como grandes tempestades, queimadas e o aumento do nível do mar, também preocupa o setor, já que acabam atrasando ou impedindo viagens, danificando as estruturas físicas e gerando prejuízos.
Como o material foi elaborado pela primeira vez, não é possível fazer comparativos, para apontar mudanças nos temas de maior preocupação, por exemplo.
Batista considera que o setor público deveria estar mais atento aos riscos que podem ameaçar a economia do país. Ele defende que o governo deveria criar modelos de previsão e estratégias de previsão mais robustos. “Fomos surpreendidos três anos atrás com a pandemia, que ninguém estava preparado, não estava sequer no radar”, lembra.
No ranking atual de preocupações do setor de transportes, uma nova pandemia aparece apenas em 8º lugar. Veja abaixo a lista completa.
Riscos que mais preocupam o setor de transportes
- Alterações ou insuficiências nas políticas legais, normativas, tarifárias, fiscais e/ou tributárias
- Crime organizado nacional e/ou transnacional
- Escassez de mão de obra qualificada
- Eventos climáticos extremos
- Excesso de entraves burocráticos, jurídicos, administrativos e/ou técnicos
- Instabilidade econômica global, regional ou nacional
- Dificuldades ou insuficiências no acesso a fontes de investimento e/ou de acesso ao crédito
- Pandemias
- Crime e/ou conflito cibernético
- Aumento de custos em decorrência de ações ambientais
Fonte: Folha de S.Paulo
Foto: fanjianhua / Freepik