Amazon abre logística própria para varejistas
A Amazon abriu, neste mês, o seu modelo logístico a todos os vendedores de São Paulo que quiserem fazer parte de sua plataforma de vendas. Trata-se da primeira abertura de seu sistema de armazenagem e entregas desde que anunciou a sua implementação no país, em 2020. As informações são do Valor Econômico.
Até então, o “Fulfillment by Amazon” (FBA), sistema de logística própria da empresa, um dos pilares do modelo de crescimento da varejista no mundo, estava disponível para vendedores com conta registrada na Amazon e optante do Simples Nacional, com endereço e Inscrição Estadual nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro ou Paraná.
A empresa, em maio, somava 50 mil vendedores brasileiros em sua plataforma. Apesar do crescimento mais recente (eram 40 mil ao fim de 2022, alta de 25% em cinco meses) está abaixo do números de Magazine Luiza e Americanas.
A companhia liberou o FBA a vendedores não só com o Simples Nacional, mas de grande porte de São Paulo, optantes pelos regimes tributários de Lucro Real e Lucro Presumido. Esses lojistas, assim como os de pequeno e médio portes, ainda poderão se inscrever por conta própria no FBA, pelo site da Amazon, algo que não era permitido até então. Ainda será preciso análise dos dados pela empresa para verificar se a loja cumpre certos critérios, mas isso pode agilizar o aumento da base de vendedores.
Anteriormente, um consultor de negócios da Amazon ainda precisava entrar em contato com cada vendedor que tentasse se inscrever no FBA, o que tornava o processo mais lento.
No Rio e Paraná, as limitações continuam, com liberação apenas aos registrados no Simples Nacional (receita bruta anual até R$ 4,8 milhões).
Lojistas da Amazon que usam o FBA multiplicam vendas
Segundo a varejista, lojistas que usam o FBA multiplicam as suas vendas em média, cinco vezes, frente ao período sem o FBA. O direito ao uso do selo “Prime” pelo vendedor ajuda nessa expansão. Por meio dele, é possível oferecer frete grátis e entregas mais rápidas. O vendedor passa a armazenar seus itens em centros e “hubs” da Amazon, que fica responsável por toda a logística.
A plataforma cobra deles 8% a 15% sobre o valor da venda pelos seus serviços — no Brasil, essa taxa hoje varia de 6% a 22%, a depender da empresa —, mas entrega de e volta o nível de serviço da Amazon. O grupo tem 12 centros de distribuição no país, sendo que 11 foram abertos de 2020 para cá.
A companhia não abre dados de vendas no país, e basicamente diz que cresce bem acima do mercado. Mas, como tem bem menos lojistas na plataforma que seus concorrentes, para se expandir como afirma, haveria duas formas: pela venda de itens da base de 50 mil lojistas ou venda de seus próprios produtos.
Ranking de 2021 da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo estimava vendas brutas anuais da Amazon, apenas de itens próprios, em R$ 4 bilhões em 2021 (sem incluir lojistas parceiros). Em janeiro passado, relatório do BTG, com base em dados da Similarweb, mostra a Amazon com 19,5% das visitas mensais de clientes a sites de venda online, atrás só do Mercado Livre.
A Amazon promoveu na quarta-feira o seu evento anual com lojistas, o Amazon Conecta, e apresentou aos vendedores essa extensão do FBA no país. Cerca de 99% dos 50 mil lojistas parceiros da Amazon Brasil são pequenas e médias empresas, que vendem 9,6 milhões de produtos listados.
Além disso, 81% das lojas foram criadas entre 2020 e 2022, após a pandemia. São Paulo, Paraná e Santa Catarina são os Estados com mais vendedores listados, representando 70%, o que mostra a concentração da empresa ainda em determinadas regiões.
Fotos: Depositphotos