Inteligência artificial pode ajudar a evitar acidentes nas estradas brasileiras
O crescente avanço das tecnologias baseadas em Inteligência Artificial (I.A.) deve começar a ter ainda mais impacto nas nossas rotinas diárias. Sua enorme variedade de aplicações pode beneficiar muito em breve o sistema de trânsito, onde a violência é um problema alarmante no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 40 mil pessoas morrem por ano no tráfego do país — média de uma morte a cada 13 minutos. Para tentar ajudar a solucionar esta situação, uma empresa garante que já há uma tecnologia que vem sendo testada, e pode ser implementada, para ajudar na prevenção de acidentes em estradas brasileiras.
A Falconi é uma companhia que fornece soluções para mobilidade urbana, entre outras áreas, e está desenvolvendo um projeto que vem sendo experimentado atualmente em três estados do país, incluindo o trecho de uma rodovia federal — a BR-230 — na Paraíba. A ideia é que, após esta fase inicial, a tecnologia possa ser aplicada em outras vias.
— A partir da criação de modelos preditivos e da análise de dados, por exemplo, pode-se prever potenciais acidentes através de um código baseado na influência de ocorrências históricas. Com a inserção de informações adicionais no modelo, como feriados, eventos esportivos, fluxo do trânsito e variáveis climáticas, o algoritmo aprimora as projeções — aponta Vinícius Brum, diretor da Falconi.
O uso da I.A. e de análise de dados tem permitido o desenvolvimento de um projeto capaz de prever acidentes e reduzir as taxas de morte no trânsito. O programa usa uma base de dados nacional com informações consolidadas de vias urbanas e rodovias estaduais e federais. Inclusive, a empresa já tem em seu radar algumas importantes rodovias do país que apresentaram índices preocupantes, e podem ser incluídas nos futuros planos de aplicação das tecnologias.
Uma dessas é a BR-116, onde foram registrados 690 óbitos em 2020, segundo dados da Confederação Nacional do Transporte. Já a Avenida Brasil, que corta o Rio de Janeiro, no mesmo ano, foi líder do ranking de acidentes com vítimas no estado, um total de 408 casos.
Quais são essas tecnologias?
Além de empresas como a Falconi, montadoras já trabalham com dispositivos que têm o objetivo de alertar motoristas que apresentam fadiga, com sinais sonoros, luminosos e por vibração. Sensores —implantados em um acessório como um boné — podem perceber os movimentos normais da cabeça de um motorista, e notar movimentos fora do comum, e lançar alguns alertas para ele ou acionar freios de emergência.
Brum também aponta a existência de veículos autônomos para segurança de pedestres e passageiros, e drones programados com algoritmos de I.A. que permitem o monitoramento do fluxo de tráfego e detectam possíveis perigos. Até novos softwares de navegação estão sendo pensados em prol de uma direção mais defensiva.
— Novos modelos de navegação assistida por meio de aplicativos de mobilidade podem, em algum momento, apontar caminhos mais seguros para que condutores cheguem ao destino, sem considerar apenas as rotas mais rápidas ou mais curtas — destaca o diretor da Falconi.
Mês de conscientização no trânsito
A divulgação da iniciativa chega no “Maio Amarelo”, mês pensado para realizar atividades que orientam motoristas, ciclistas, pedestres e passageiros sobre a importância da adoção de comportamentos mais seguros no trânsito. Em sua 10ª edição sendo realizada no Brasil, traz o tema “No trânsito, escolha a vida”. Imprudência, desatenção e imperícia dos condutores são os fatores que mais podem causar acidentes.
Novos recursos tecnológicos podem permitir que órgãos públicos consigam atuar de forma inteligente, trazendo respostas em tempo real para os problemas do tráfego nas ruas.
— Tecnologias desta natureza podem redefinir, por exemplo, os critérios para se implantar blitz policiais nas cidades e ainda melhorar significativamente a sua eficácia — finaliza Brum.
(*Estagiário sob supervisão de Carla Rocha)
Fonte: O Globo