Armários inteligentes: o plano da Linx para aumentar vendas dos clientes
Enquanto o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) não dá seu veredito sobre a compra da Linx pela Stone, a empresa de tecnologia para lojistas não está parada. Com o objetivo de trazer mais possibilidades de vendas para seus clientes, a Linx acaba de anunciar uma parceria com a startup Clique Retire, que administra 200 pontos de entrega de pedidos de delivery no País. Assim, as empresas clientes dos serviços Linx Commerce e Linx Omni poderão habilitar a nova categoria de entrega dentro da plataforma.
Fundada em 2019, a Clique Retire administra uma operação de armários inteligentes no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os equipamentos, que ficam instalados dentro de shoppings, estações de metrô ou postos de gasolina, são uma alternativa para consumidores que não podem ou não querem receber encomendas em casa: as varejistas encaminham os produtos para um armário e o cliente pode buscá-los usando um QR Code para liberar o acesso. A adoção do serviço reduz em até 35% os custos de logística das lojas.
Para a Linx, oferecer os armários da Clique Retire aos seus clientes é uma forma de ajudá-los a capilarizar sua operação física de forma mais barata, sem a necessidade de abertura de novas lojas. “O consumidor está mais habituado a comprar online, mas quer ter a flexibilidade de poder retirar suas compras também em pontos físicos. Nossa parceria com a Clique Retira potencializa essa operação de omnicanalidade para os lojistas e ainda encurta o tempo que o cliente final espera para receber o produto”, diz Alessandro Gil, diretor executivo da Linx Digital, ao EXAME IN.
O serviço da startup também permite que o varejo acesse consumidores que hoje são barrados do e-commerce por morarem em áreas não atendidas pela logística tradicional. “Há lugares do Brasil em que o risco para o transporte de mercadorias é muito alto e alguns serviços simplesmente não operam. Quando colocamos um e-Box nestes locais, como no complexo da Penha, no Rio de Janeiro, onde há 120.000 habitantes e um PIB que ultrapassa R$ 1 bilhão ao ano, estamos conectando os varejistas a esses potenciais consumidores”, afirma Gustavo Artuzo, diretor executivo da Clique Retire.
A busca de parcerias para melhorar o e-commerce dos clientes não é sem motivo. Com a pandemia, as vendas online no Brasil cresceram 41% em 2020, segundo dados da consultoria Ebit/Nielsen, permitindo que muitos negócios sobrevivessem. Para a Linx, essa digitalização aumenta seu volume de negócios em algumas frentes. No primeiro trimestre deste ano, quando a segunda onda da covid-19 atingiu o país, as receitas recorrentes de delivery da empresa subiram 302% e as de comércio eletrônico aumentaram 109%.
Além das maquininhas
As novas apostas da Linx estão de acordo com a visão que a Stone tem para o grupo: ser uma plataforma que ajuda a pequena e média empresa a vender mais e se digitalizar. A empresa está tentando se afastar do rótulo de ser somente uma “empresa de maquininhas”.
Esse movimento ficou ainda mais claro na semana passada, quando a companhia anunciou um aporte de R$ 2,5 bilhões no Banco Inter. O racional do movimento foi encurtar o caminho do pequeno varejista cliente da Stone até o marketplace do Banco Inter, onde milhares de clientes entram em busca de produtos financeiros e cashback.
Conforme o presidente Thiago Piau afirmou em entrevista ao EXAME IN no fim do ano passado, a Stone é uma plataforma com várias frentes para atender o varejo. Tem infraestrutura, processamento, conta digital, serviços diversos de pagamento e gestão financeira — ou seja, o pacote tem a maquininha, a frente digital, o software e ainda toda a gestão financeira.
A Linx, com 45,6% de marketshare, é uma peça importante desse quebra-cabeça. Assim que o Cade autorizar a Stone a chamar a companhia de sua, a empresa irá começar a investir os R$ 500 milhões que deixou separados para aportes em tecnologia no negócio.
As sinergias entre as duas empresas não serão pequenas. Só de receita tem enorme potencial. Quando a aquisição foi aprovada, no ano passado, praticamente não havia sobreposição de clientes entre os negócios. Fonte: Exame