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Log-In mira na carga fracionada para ganhar espaço
Por Gabriel Vasconcelos — Valor Econômico – O grupo de cabotagem brasileiro Log-In aposta na carga fracionada para expandir as operações e crescer no concentrado mercado de transporte marítimo que divide com multinacionais atuantes no País.
A estratégia é desenvolver tecnologias e soluções logísticas para o transporte de cargas menores e mais diversificadas em um mesmo contêiner, a fim de aumentar receita a médio prazo, em paralelo à disputa por grandes clientes, que embarcam volumes maiores. Em vez de toneladas, as cargas fracionadas estariam na casa das centenas de quilos, sendo combinadas para que a operação não perca eficiência ou margem de lucro.
Segundo o diretor-presidente da empresa, Marcio Arany, esse incremento se dará por fora da disputa com as líderes de mercado, como Aliança Navegação e Logística, braço do grupo alemão Hamburg Sud, e a Mercosul Line, que integra o grupo francês CMA CGM. A principal competição na nova frente da Log-in, diz o executivo, é o modal rodoviário. “Hoje, no Brasil, a cada seis contêineres em cima de caminhões, existe apenas um na cabotagem. Há um mercado enorme a ser explorado”, diz.
O presidente diz que, apesar das perdas inevitáveis, a pandemia se mostrou eficiente catalisadora para a atração de clientes que só transportavam na estrada. Isso porque, no auge da crise, a restrição de circulação interestadual levou alguns produtores a experimentarem a cabotagem, serviço que não foi paralisado.
Segundo o diretor de relações com investidores da empresa, Pascoal Gomes, há no Brasil uma numerosa geração de fabricantes de porte médio amadurecendo plantas e estratégias de distribuição, e que já estariam aptas a migrar para o frete entre portos marítimos. “Esse movimento será mais palpável quando a retomada da economia pós-covid 19 se consolidar”, diz. Com isso, a Log-In planeja triplicar o número de clientes, passando de pouco mais de mil para 3 mil empresas atendidas.
Para o plano avançar, porém, é preciso investir em tecnologia para facilitar o controle das cargas pelos clientes, tornando viável a operação. Ainda este ano, a Log-In planeja introduzir plataforma digital de rastreamento de cargas em tempo real, que desobriga o atendimento de clientes por operadores humanos e permitirá rápida expansão da carteira de clientes.
O balanço do terceiro trimestre da Log-In, divulgado ontem, apontou lucro líquido de R$ 9,1 milhões e receita líquida de R$ 298,5 milhões, 7,3% acima do reportado em igual período de 2019. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida) foi de R$ 83,9 milhões, 20% maior na comparação anual. O resultado veio em linha com o esperado pela empresa antes da pandemia, o que denota retomada da atividade. Os executivos reconhecem um efeito de compensação da pandemia na demanda dos clientes.
Segundo Gomes, no pico da pandemia, a empresa não teve prejuízo, mas sofreu com a paralisação de fábricas e portos por mais de 40 dias em cidades chaves, como Manaus. A solução foi buscar novos clientes e intensificar operações em trechos livres, mais curtos e, por isso, menos rentáveis.
Também contribuiu a operação do Terminal Portuário de Vila Velha, no Espírito Santo, cuja concessão foi renovada até 2048. A instalação foi adaptada para receber cargas gerais, ou seja, fora de contêineres, como grãos e aço. A estocagem e o tratamento dessas cargas, 30% do que passa por ali, além de serviços acessórios, como rotulagem de produtos, foram importantes fontes de receita quando a cabotagem desacelerou na crise.