Estudo propõe consolidação de hub ports no Brasil
Novo modelo pode reduzir custos e aumentar eficiência no comércio exterior brasileiro.
Um estudo técnico inédito, realizado pela A&M Infra, Navarro Prado Advogados e APM Terminals, avalia como o Brasil pode consolidar portos estratégicos como hubs, melhorando a eficiência logística e reduzindo custos no transporte marítimo. O documento destaca a defasagem do país em relação à infraestrutura portuária necessária para receber navios de grande porte, como os de 366 metros, já operantes em portos europeus desde 2006.
Os chamados hub ports centralizam operações de grandes navios, transferindo cargas para portos menores por meio de embarcações de menor porte, modelo conhecido como hub-and-spoke. Essa lógica pode gerar economia significativa no comércio exterior brasileiro, com estimativas de redução de custos de transporte marítimo em até 13%, representando cerca de R$ 600 milhões anuais até 2030, somente na rota entre a Costa Leste da América do Sul e a Ásia.
Entre os candidatos a hub ports no Brasil, o Porto de Santos (SP) é apontado como o principal devido à sua localização estratégica e diversidade de serviços internacionais. No entanto, outros portos, como Paranaguá (PR), Itapoá (SC), Suape (PE) e Pecém (CE), também apresentam potencial, dependendo de investimentos em infraestrutura e planejamento integrado.
Além da redução de custos, o modelo pode melhorar a conectividade dos portos menores, aumentar a arrecadação portuária e reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE) ao otimizar operações com navios modernos e eficientes. O estudo também prevê o desenvolvimento da indústria naval e de combustíveis no Brasil, impulsionando demandas por manutenção de navios e possibilitando a produção de combustíveis verdes.
Especialistas ressaltam a importância de políticas públicas voltadas à implantação de hub ports, garantindo segurança jurídica e previsibilidade para atrair investimentos privados. “O Brasil tem vocação para o desenvolvimento de hubs regionais, e isso deve ser contemplado no planejamento público do setor portuário”, afirma Lucas Navarro Prado, sócio do Navarro Prado Advogados.
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