Companhias miram frotas de veículos mais verdes
As discussões em torno da necessidade de reduzir emissões poluentes para conter o aquecimento global está levando muitas empresas a considerarem o uso de tecnologias alternativas de combustíveis nos veículos de suas frotas no médio prazo. É o que aponta uma pesquisa com 8.622 executivos de 30 países, responsáveis por tomar decisões sobre gestão de mobilidade de suas empresas, feita pela Arval, empresa do grupo BNP Paribas, que administra frotas corporativas. Por fonte de combustível alternativa, o levantamento considerou os carros elétricos híbridos, veículos híbridos plugáveis automóvel que funciona com um motor a combustão interna e outro elétrico – e os carros elétricos a bateria.
Segundo o Barômetro de Frotas & Mobilidade 2023, em termos globais, 70% das empresas já implementaram ou estão considerando utilizar ao menos um tipo dessas tecnologias em sua frota de carros de passageiros nos próximos três anos. No levantamento de 2022, essa fatia era menor, de 59%. Entre as brasileiras, 43% consideram ter carros movidos a eletricidade ou com etanol no serviço de deslocamento de funcionários nos próximos três anos e 13% disseram já usar pelo menos uma dessas tecnologias.
“O barômetro mostra que o Brasil está alinhado às tendências globais dos países mais desenvolvidos para os próximos três anos, especialmente em relação à busca por soluções de transição energética e de mobilidade corporativa”, diz Carlos Lopes, CEO da Arval Brasil.
Para o executivo, chama a atenção o fato de que a taxa de adesão e interesse desses veículos é alta se comparada ao passado e que a companhia recebe com frequência pedidos de clientes para que suas frotas sejam menos poluentes. “Algumas empresas, inclusive, já oferecem carro 100% elétrico como benefício aos funcionários”, diz Lopes.
Por tipo de tecnologia alternativa, a pesquisa revela que 22% das empresas brasileiras entrevistadas já usam ou pensam em usar nos próximos três anos carros de passeio híbridos e 7% já os usam; 16% já utilizam ou planejam adotar a tecnologia híbrido plug-in e 5% já utilizam; e 16% já usam ou são favoráveis ao uso de carros totalmente elétricos 100% movidos a bateria e 3% já usam. Além disso, 9% já utilizam ou consideram utilizar veículo elétrico com célula de combustível de hidrogênio na frota de veículos comerciais leves.
Além da busca por veículos menos poluentes, outra frente que está sendo cada vez mais implementada pelas empresas é a diversificação dos modais e modelos de transporte. Globalmente, 71% já implementaram pelo menos um esquema de alternativo para seus funcionários, com a adoção de carros corporativos compartilhados, aluguel de bicicletas ou orçamento de mobilidade. Nos próximos três anos, 88% pretendem investir em soluções de mobilidade do tipo.
Entre as brasileiras, 13% das empresas entrevistadas já usam sistema de carro corporativo compartilhado, 16% utilizam carona compartilhada e 21% oferecem compartilhamento ou aluguel de bicicleta ou moto. Aproximadamente um terço dos demais já estão analisando ou têm interesse por essas opções. O fretado, que, no levantamento da Arval é chamado de “transporte público subsidiado”, é, contudo, o modelo que mais empresas utilizam – 26% das empresas se valem dessa opção para o deslocamento de funcionários.
Julio Meneghini, gerente de Marketing da Arval Brasil, explica que a empresa, inclusive, tem testado diversas alternativas deste tipo para oferecer aos clientes, justamente para acompanhar a demanda por portfólios mais completos e flexíveis. Na frota da Arval no Brasil operada por seus clientes, de 29.000 carros, cerca de 1% deles são elétricos ou híbridos. É ainda uma parcela pequena, mas que segue em crescimento. “A mobilidade sustentável é uma tendência, com governos incentivando frotas mais limpas e outros até taxando as mais poluentes”, diz. “Nosso objetivo é oferecer serviços com maior valor agregado às empresas”, diz o executivo.
O estudo mostrou, porém, que essas modalidades são, em geral, complementos à frota de carros das empresas. Inclusive, no Brasil, 28% dos tomadores de decisão sobre política corporativa de mobilidade acreditam que a frota irá crescer (ante 27% no mercado global) e 60% apontam que ela deve se manter igual nos próximos três anos (64% no global). “Apesar dos muitos desafios, o mercado brasileiro continua otimista e com expectativa de crescimento em vários setores. Terceirizar a gestão de frotas e da mobilidade corporativa é uma grande oportunidade para apoiar os objetivos do negócio”, diz Meneghini.
Por aqui, cerca de 85% das companhias ainda têm frotas próprias, mas o mercado de terceirização está em ascensão, assim como a modalidade de leasing, em que o funcionário ou a empresa financia o carro em uso. Em termos globais, 35% dão a expansão ou uso do leasing para carros de passageiros e veículos comerciais leves como certo ou provável e 12% como absolutamente certo. No Brasil, 12% dos entrevistados já dizem trabalhar com a modalidade e 23% pretendem implementá-la.
Outra tendência no Brasil, diz Lopes, é o uso de tecnologias para ampliar a conectividade dos veículos, seja para facilitar a localização ou melhorar a sua segurança do veículo, melhorar a segurança do motorista, melhorar a eficiência operacional e reduzir os custos da frota, conforme apontado pelos executivos.
Aproximadamente uma em cada duas empresas pesquisadas possui uma ferramenta telemática em sua frota, segundo a pesquisa. No ano passado, eram 38%. Nas empresas brasileiras, o uso de tecnologias de conectividade é uma realidade em 72% da frota, tanto em carros de passeio como em veículos comerciais leves.
Fonte: Valor Econômico
Foto: Divulgação